Pode
um tipo de edifício identificar por si só toda uma época? Pode. O castelo está
para a idade média como as pirâmides estão para o antigo Egipto.
É um tipo de estrutura que toda a gente conota com a época medieval e cuja
imponência desperta ainda hoje o imaginário das pessoas que o visitam. Serve
nos dias de hoje maioritariamente como atracção turística e para recrear épocas
passadas, mas continua a ter uma aura mística que o tempo não apaga.
Neste
artigo iremos analisar sob o ponto de vista militar esse tipo de edifício e
tentar compreender a sua verdadeira relevância num mundo e numa sociedade
bastante diferentes das dos dias de hoje em que a guerra e a religião andavam
de mãos dadas e em que as duas classes sociais que os representavam (nobreza e
clero) sendo em muito menor número que a terceira (povo) tinham um papel
dominante e decisivo na sociedade medieval europeia. Iremos no entanto,
circunscrever-nos na medida do possível ao caso português.
De uma forma genérica, podemos definir a
fortificação como sendo um local de segurança face a um ataque, mas também de
defesa activa, um centro onde os defensores estão salvaguardados de adversários
em número superior e também uma base a
partir da qual se pode impôr controlo administrativo e militar sobre uma área.
A fortaleza deve controlar uma área suficientemente produtiva para albergar uma
guarnição em tempos normais e ser suficientemente grande e segura para
acomodar, abastecer e proteger essa mesma guarnição em caso de ataque cerrado.
As fortalezas variaram conforme as suas
tipologias arquitectónicas, evolução e composição material. Partindo da matriz
romana, e limitando-nos aos “limes” do antigo império, podemos concluir que ao
entrar pela alta idade média uma fortaleza anglo-saxónica evoluiu para um
formato diferente do de uma bizantina por exemplo, no entanto ambas tinham
subjacente os mesmos objectivos defensivos e de controlo do território.
Em baixo - Castelo Bizantino
Fortalezas firmemente defendidas e bem abastecidas de provisões sempre foram
muito difíceis de conquistar em todas as épocas antes da era da pólvora. Essas
fortalezas tanto podiam existir individualmente como fazer parte de uma rede
defensiva composta por várias unidades. E podiam não só ser componentes de uma
defesa estratégica como instrumentos desafiadores para uma autoridade central.
Na
alta idade média assiste-se a um fluxo rural por contraste ao fluxo urbano que
se verificara no período imperial. As cidades deixam de ter o domínio exclusivo
do poder político e este acaba por dispersar-se juntamente com a população.
Portanto, para garantir a segurança do território adjacente aos novos
aglomerados populacionais, sentiu-se necessidade não só de erguer muralhas, mas
criar uma rede de castelos, torres defensivas e atalaias que formavam um sistema
defensivo para o território.
Na península Ibérica, a monarquia visigótica, após subjugar os Suevos e os Vândalos e ter unificado a península
na sua coroa, introduz uma progressiva desmilitarização da paisagem. Esse
factor verificou-se determinante para a rápida conquista do território
peninsular por parte das forças muçulmanas. Com poucas fortalezas dignas desse
nome, os invasores islâmicos, após vencerem os visigodos na batalha de guadalete, puderam avançar pela península adentro a seu belo prazer.
O castelo é uma das mais significativas
inovações que a idade média introduziu nas paisagens europeias. A forma que
essas estruturas assumiram até ao advento da reconquista cristã na Península
Ibérica foi a do povoado fortificado. Com o início da reconquista assiste-se ao
aparecimento de uma nova estrutura arquitectónica, exclusivamente militar,
concebida para albergar não um povoado, mas antes uma pequena guarnição de
soldados encarregue de velar pela segurança de um território.
A origem do castelo, na acepção restrita do termo, enquanto estrutura muralhada
definindo pequeno espaço onde se concentra uma guarnição de soldados, deve
procurar-se nos primórdios do processo de Reconquista, encetado por
Afonso I das Astúrias a partir dos meados do séc. VIII.
O caso português encontrou assim um
denominador comum a todo o mundo ibérico. Todos os reinos cristãos estavam
desde o século VIII em guerra contra os invasores muçulmanos.
No território luso, terá sido o século IX
(reinado de Afonso III) que terá marcado o início do nosso “encastelamento”.
Nestes tempos de belicismo feroz, era em
torno dos castelos que se fixavam as populações em busca de protecção. Isso
explica que grande parte dos forais medievais fossem concedidos a povoados com
castelos.
Em caso de ataque por parte das forças
inimigas, os castelos funcionavam como último reduto defensivo. Por este motivo
começou a preocupação dos líderes militares em lhes providenciar fontes de água
(através da abertura de poços ou construção de cisternas), albergues para a
guarnição e alguma população, oficinas para fabrico de armas e compartimentos
para armazenamento de víveres.
As inovações arquitectónicas a que as
fortificações medievais estiveram sujeitas durante os séculos, reflectiam a
repercussão das novas tácticas de assédio.
Ao
longo de toda a idade média, o castelo serviu para muito mais que um simples reduto
defensivo. Ele era o elemento regulador do sistema político, centro
administrativo e militar de um território, lar do rei ou do senhor feudal. O
castelo foi precisamente o expoente representativo do sistema feudal, base do
mundo medieval.
Está muito fixe, embora haja aqui algumas palavras, no qual nunca tinha ouvido falar, no que toca ao texto e ao pouco que percebo de Historia Mediaval, aquilo que eu percebi, era que os Castelos serviam para Albergar Reis, Rainhas, Soldados Mediavais, mas o que mais tirei partido foi, estes Castelos, cada um com filosofias diferentes, e materiais de construção, difere de cada País e a sua Cultura para a Epoca, os Castelos serviam de Defesa, neste caso, o rei e os Seus e Aposentos para os mesmos, penso que dentro dessas mesmas fortalezas, era como fosse uma Aldeia, onde albergava a Guarnição de soldados Fieis ao seu Rei......sabes que não sou expert na matéria, mas está muito bem explicado...Abc mediaval--lolHuaaaa
ResponderEliminarObrigado pela critica Joao. Essas aldeias fortificadas de que falas sao vulgares no sul da europa. Basta veres no caso portugues ainda hoje, obidos e marvao em que a aldeia (ou neste caso a vila) inteira se encontra intra-muros. Mas tens mais casos em que o chamado centro historico esta ainda hj todo muralhado - Evora por exemplo. Sobre os tipos de castelosfalarei brevemente na 2a parte deste artigo. Saudacoes medievais :)
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